Os números divulgados em janeiro deste ano pelo Banco Central mostram como está o perfil do endividamento das famílias brasileiras. Na opinião de alguns economistas não deve haver alta do endividamento e do comprometimento de renda das famílias, desde que o mercado de trabalho reaja, caso contrário, existe a chance do aumento do endividamento e da inadimplência.
Mesmo apontados como “vilões” por suas taxas elevadas, o cheque especial e o cartão de crédito ainda são muito utilizados, mas o que chama a atenção são as linhas de financiamento como consignado, crédito pessoal, carnês etc. Por característica, são empréstimos de médio e longo prazo que incidirão no orçamento até a sua efetiva liquidação. Outro ponto que chama a atenção, é que tais linhas são em sua maioria concedidas as pessoas que possuem renda, ou seja, trabalhadores formais. Segundo pesquisa divulgada em dezembro de 2019 pela “CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo” 65,6% das famílias tinham algum empréstimo e/ou compra a prazo.
A oferta de crédito é alta para quem tem carteira assinada, mas o problema é que existe pouca informação e muito pouco controle orçamentário (culturalmente a maioria não faz controle adequado dos gastos), gastando mais do que recebe.
A implantação de Programas de Educação Financeira nas escolas está sendo discutida no congresso, o que é um bom começo. Porém, torna-se urgente direcionar ações para a população empregada de mais de 80 milhões de pessoas entre endividados e inadimplentes, que geram impacto nas empresas quando as mesmas percebem tardiamente que o seu quadro de colaboradores está endividado, doente e com má qualidade de vida, tendo como consequência a piora do clima organizacional e da produtividade, com aumento do número de afastamentos, da perda de talentos e da despesa com o plano de saúde.
O tema Educação Financeira ainda é tratado como um tabu e pouco discutido no ambiente de trabalho. Porém, países como os do Reino Unido e os EUA já estão a frente com medidas para proporcionar aos colaboradores meios para ajudar no reequilíbrio financeiro e melhoria da qualidade de vida. As empresas no Brasil tem todas as condições para seguir e ainda aperfeiçoar estas iniciativas devido ao nosso cenário econômico desafiador e nossa cultura diversa. Os números estão estampados, os impactos estão claros, então, culpar a economia não é justificativa para a inércia. Então, o que falta?
José Roberto Falcone
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